sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Bem-aventurada Francisca de Baependi, mãe dos pobres, a Igreja te reconhece e te propõe como modelo de vida cristã e intercessora nossa



A celebração da beatificação de Nhá Chica, neste mês de maio, marca uma etapa do reconhecimento eclesial de Francisca Paula de Jesus, nascida na fazenda Porteira dos Villela, num povoado chamado Rio das Mortes Pequeno, distrito de São João Del’Rei, no início do séc. XIX, filha de negra escrava e de pai desconhecido.
Ainda pequena, mudou-se com sua mãe e seu único irmão, Theotônio, para Baependi, onde dois anos depois ficou órfã e viveu até sua morte em 1895. Ali ficou conhecida como «mãe dos pobres».
A beatificação é a celebração do reconhecimento por parte da Igreja de que Nhá Chica viveu em grau heroico (acima do normal!) as virtudes cristãs e por isso alcançou a salvação eterna, estando agora no céu, junto de Deus, podendo, assim, interceder por nós. Visto que alcançou o objetivo de toda a vida cristã – a salvação ou a santidade – a Igreja a propõe como modelo, pois reconhece no seu modo de viver um jeito certeiro de chegar ao céu. No entanto, a Igreja sempre foi e é extremamente prudente e em tudo depende de Deus. Por isso, dá um passo de cada vez e guia-se pela ação divina realizada por meio do candidato aos altares. A beatificação é um passo. Por ela – realizada após o reconhecimento de um milagre, ou seja, um sinal de que ela de fato está junto de Deus e ele está de acordo com seu culto – Nhá Chica poderá receber um culto público de veneração (Não adoração! Esta só se presta a Deus Pai, Filho e Espírito Santo.), isto é, de reconhecimento de sua exemplaridade em âmbito local (diocesano). Em seguida, caso o Senhor confirme este passo com outro milagre realizado após a beatificação e a Igreja o reconheça, ela poderá propor nossa bem-aventurada Francisca de Baependi como modelo para a Igreja em todo o mundo, e isto será a canonização, a proclamação universal de sua vida santidade.

Nhá Chica tem muito a nos ensinar. Sua vida – simples; austera; restrita ao necessário; sem luxos; dedicada aos pobres; à oração; virgem e casta; leiga comprometida com o evangelho; absolutamente acolhedora de todos os que a procuravam; devota de Nossa Senhora da Conceição, a quem carinhosamente chamava «minha Sinhá»; politicamente atenta e consciente; destemida; protagonista da sua ação eclesial; sensível às necessidades do outro; estreitamente unida a seu pároco; ouvinte da Palavra de Deus; orante; possuidora de um discernimento excepcional etc. – apresenta a nós desafios que nos põe em marcha na contracorrente do mundo moderno, na direção apontada pelo Senhor Jesus, rumo ao Reino definitivo, nos céus.
Agora é a ocasião! Aproveitemos a beatificação de Nhá Chica para espelharmo-nos nela e a seu modo, seguirmos juntos a Jesus Cristo, ao seu Evangelho, vivendo o compromisso eclesial nas nossas paróquias e comunidades, como discípulos que, na força da Palavra são enviados em missão.

Pe. Jean Poul Hansen,
do clero da Diocese da Campanha.

Artigo originariamente publicado no Informativo Paroquial «A voz do coração»,
da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Três Corações-MG.

Um comentário:

  1. Em todas as línguas que pesquiso eu encontro informação sobre Nhá Chica. Em todo o mundo parece haver gente que conhece a santinha de Baependi! Que bom! Encontrei o nome dela como Francisca Paula de Jesus Isabel! Que nome bonito!

    Continuarei a rezar a Nhá Chica. Oxalá brevemente Nhá Chica possa ser celebrada pela igreja no mundo todo.

    Isabel Gomes

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