Que religião manteria guardados os ossos de pessoas
mortas, colocando-os em exposição e esperando que as pessoas viessem beijá-los?
O que são as relíquias e por que são tão importantes para os católicos? Eles
realmente acreditam na autenticidade destas relíquias?
Uma relíquia é algo associado a uma pessoa que
foi canonizada ou beatificada, sendo portanto santa. Existem três categorias de
relíquias: uma relíquia de primeira classe é um pedaço dos restos
mortais da pessoa. Pode ser um fragmento de osso, cabelo, pele ou sangue. A
relíquia é extraída quando o corpo do santo é exumado como parte do processo de
canonização. A exumação da Beata Francisca Paula de Jesus – Nhá Chica,
aconteceu em junho de 1998.
Uma relíquia de segunda classe é algum objeto
ou parte de um objeto que foi regularmente usado pelo santo durante sua vida
terrena. Há muitas relíquias de segunda classe. Podem ser pertences do santo,
como roupas, móveis... como aqueles que podemos visitar na Casa onde morou a
Bem-aventurada Francisca Paula de Jesus ou no seu Memorial, em Baependi/MG.
Uma relíquia de terceira classe é um pedaço de
pano que tocou uma relíquia de primeira classe. Relíquias de terceira classe
são normalmente incluídas como partes de cartões de oração produzidos em massa
e itens de devoção. Um pano toca a relíquia de primeira classe, em seguida,
retiram-se em vários pedaços para que um grande número de pessoas possa ter
contato físico com o santo.
Uma relíquia é venerada quando seu relicário é beijado
pelo devoto ou quando ele beija os dedos e toca a urna. Isso é feito como parte
dos serviços religiosos em honra do santo. Os católicos acreditam que o mundo
físico é importante. Quando uma pessoa se torna santa, tudo relacionado a ela é
tocado por essa santidade. A santidade permeia até mesmo o mundo físico.
A veneração dos santos começou na Igreja primitiva.
Quando os cristãos eram martirizados, seus restos mortais eram recolhidos e
honrados. No ano 156 d.C., os cristãos na cidade de Esmirna registraram o que
eles fizeram com os restos de seu amado bispo Policarpo, que tinha sido morto:
«Nós recolhemos os seus ossos, que são mais valiosos do que pedras preciosas e
mais finos do que ouro refinado, e os colocamos em um local adequado, onde o
Senhor nos permitirá reunir-nos, na satisfação e na alegria, para comemorar o
aniversário de seu martírio».
O costume de honrar os mortos em santidade começou com
a celebração do seu aniversário de falecimento. Desde os primeiros dias da fé,
os católicos têm honrado os mortos em santidade por meio da veneração dos seus
restos mortais.
Além do mais, o culto às relíquias é bíblico e vem
desde o povo hebreu:
«Moisés levou os ossos de José, porque José havia
feito os filhos de Israel prestarem um juramento, quando disse: "Deus
certamente virá em auxílio de vocês; levem então os meus ossos daqui» (Ex
13,19).
«Depois morreu Eliseu, e o sepultaram. Ora, as tropas
dos moabitas invadiram a terra à entrada do ano. E sucedeu que, enterrando eles
um homem, eis que viram uma tropa, e lançaram o homem na sepultura de Eliseu;
e, caindo nela o homem, e tocando os ossos de Eliseu, reviveu, e se levantou
sobre os seus pés» (2Rs 13,20-21).
«E eis que uma mulher que havia já doze anos
padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla de sua
roupa; Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua roupa, ficarei sã. E
Jesus, voltando-se, e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E
imediatamente a mulher ficou sã» (Mt 9, 20-22).
«De sorte que transportavam os enfermos para as
ruas, e os punham em leitos e em camilhas para que ao menos a sombra de Pedro,
quando este passasse, cobrisse alguns deles» (At 5,15).
«De sorte que até os lenços e aventais se levavam
do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos
malignos saíam» (At 19,12).
E afirma Sant Agostinho, no século IV: «Não há,
pois, superstição alguma nas peregrinações do povo cristão a certos lugares em
que Deus faz milagres pelas relíquias ou imagens dos santos».
Os católicos são ingênuos por acreditar em relíquias?
Não. Nós avaliamos a autenticidade das relíquias como faríamos com qualquer
objeto histórico. Algumas relíquias são falsas, outras são definitivamente
verdadeiras. A veracidade de outras ainda permanece incerta. Para uma relíquia
ser venerada em público, o proprietário deve ter a documentação oficial
considerando-a «autêntica». O selo de autenticidade é dado pelo bispo quando as
relíquias são produzidas. A autenticidade pode ser verificada por especialistas
para garantir que ela é genuína.
* Na foto, a relíquia «ex ossibus» (dos ossos), portanto de primeiro
grau, da Beata Francisca Paula de Jesus - Nhá Chica, beatificada em Baependi/MG
- Brasil, no dia 04 de maio 2013.
Neste 1º aniversário da Beatificação, quero deixar aqui o meu mais sincero abrigado a Nhá Chica. Obrigado a Nhá Chica por existir, por ter querido vir até mim, por ser assim, uma santa simples e discreta e tão pronta a descer do céu para cuidar de nós todos que lhe pedimos. Por ser um raio de luz que brilha hoje na minha vida, ajudando a tornar alguns dos meus momentos mais tristes em momentos de fé e de esperança.
ResponderExcluirE, ao Pe. Jean Paul, o meu bem-haja por ter trazido Nhá Chica desde o longínquo Brasil até à pequena Aldeia Velha.
Isabel Gomes