Nhá Chica, em sua vida, fez a experiência de, na simplicidade, sem grandes
feitos, ser reconhecida como alguém que aponta para o infinito, alguém que
mostra aqui e agora, no cotidiano da vida, de modo concreto e vivo, o projeto
original de Deus para o seu povo, a humanidade.
Francisca de Paula de Jesus foi uma simples mulher, filha de escrava, que
viveu mais de 80 anos, durante o último estágio do regime da escravidão negra
no Brasil, nas cidades de São João Del’Rei e Baependi, ambas no estado de Minas
Gerais.
Nhá Chica, como ficou conhecida, nasceu na “Porteira dos Villelas”, fazenda
de porte não muito grande, situada em Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno,
povoado da Província de Minas Gerais situado a seis léguas[1] de São
João Del’Rei, de onde hoje é distrito. Era o ano de 1808, segundo escreve o Dr.
Henrique Monat em 1894, após entrevistá-la[2]. Foi batizada em 1810[3],
conforme o assentamento paroquial[4].